Salvador é a pior capital do
Brasil para arrumar um marido. O IBGE atesta o que todas as mulheres solteiras
e frequentadoras da noite soteropolitana já sabiam: Salvador tem muita mulher
para pouco homem. São, ao todo, 709 mil, contra 605 mil homens, ou seja, 15
sobrando para cada grupo de 100
Priscila Chammas – do CORREIO
Cena que está ficando rara em Salvador |
Atenção, mulheres solteiras de
Salvador! Preparem o chocolate e o filme água com açúcar, porque a notícia aqui
não é nada animadora. Salvador é a pior capital do Brasil para arrumar marido.
São 15 mulheres sobrando para cada grupo de 100. Ou seja, segundo a Síntese de
Indicadores Sociais, divulgada ontem pelo IBGE, para cada grupo de 100 mulheres
entre 20 e 39 anos (a faixa etária que mais se casa), há apenas 85,3 homens. A
casa decimal é por conta do cálculo para tirar a média, mas toda mulher
solteira que se preza, conhece pelo menos um homem que vale por 0,3. A
estudante Tauana Caldas, 21 anos, conhece vários. "Achar homem só para
ficar é mais fácil. Mas eles só querem saber de festa, não têm nenhuma
perspectiva de futuro, não investem no profissional", reclama a aluna de
Direito, e, se tudo der certo, futura promotora de Justiça. Solteira desde
abril, ela ainda se lembra de outra dificuldade comum entre as mulheres em
busca de um relacionamento. "É tanto gay que eu tenho minhas dúvidas se
existem ‘homens-homens’ mesmo. Quando saio com meus amigos homossexuais, fico
assustada com a quantidade. Tem uns que eu nem desconfiava", observa a
garota. "O mercado está deficitário", concorda a publicitária Liz
Passos, 38 anos, solteira há dois. Depois de uma desilusão amorosa, há três
anos, ela criou um blog sobre relacionamentos para afogar as mágoas, e acabou
descobrindo que não estava sozinha. O blog bombou. Hoje é um dos finalistas do
prêmio Top Blog, onde concorrem páginas de todo o país. Em sua análise, Liz
fala do excesso de oferta de mulheres. "Eles têm muitas opções e as
mulheres estão fáceis demais. É por isso que quase não existem homens fiéis. A
concorrência é desleal". Mas como toda notícia ruim pode piorar, a
proporção de mulheres em Salvador só fez aumentar nos últimos anos. "Entre
2001 e 2011, a razão entre os sexos se distanciou de forma preocupante",
diz o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joílson Rodrigues de
Souza. Ele conta que, no levantamento de 2001, a proporção era de 91,8 homens
para cada 100 mulheres, número mais próximo da média nacional. Mas então, o que
aconteceu com os homens desta cidade? "Podemos associar esse aumento a
dois fatores. Um é o crescimento da violência, que vitima mais homens. O outro
é uma maior imigração feminina do interior para a capital", diz Joílson.
Ele também explica que no Brasil todo nascem mais homens do que mulheres, mas a
proporção de homens começa a cair na adolescência, porque eles estão mais
sujeitos a acidentes e à mortalidade decorrente da violência. "É um padrão
do comportamento masculino, de se arriscar mais". Ruim para as mulheres,
ótimo para os homens. Com tanta mulher bonita dando sopa, eles vão querer se
prender a uma só para quê? O piloto de avião Nicolas Moresco, por exemplo, 27,
teve apenas uma namorada na vida. "Durou quase um ano", conta o
jovem, que justifica a solteirice. "Eu sou uma pessoa que gosta muito do
inesperado. Gosto da aventura de poder sair sem compromisso nenhum". Ele
também reclama do excesso de "periguetes" em Salvador. "Mas o
fato de ter mais mulheres do que homens não quer dizer que os homens estão bem
servidos. Tem muita bandida. Os homens têm que ficar de olho". Já o
engenheiro Caio Moura, 27, adota o velho discurso de que está "esperando
uma mulher legal, de família e com a cabeça boa". Não sem deixar escapar
que prefere que ela chegue depois do Carnaval. Na folia momesca, ele conta que
sempre sai no bloco Filhos de Gandhy, mas que "os colares são só para
enfeitar". Acredita?
População brasileira envelhece e
chega a 23,5 milhões em 2011
Não foi só o número de mulheres
que cresceu nos últimos dez anos. No período de 2001 a 2011, o número de idosos
na população brasileira passou de 15,5 milhões para 23,5 milhões. As pessoas
com 60 anos ou mais já correspondem a 24,5% da população. Segundo a
pesquisadora do IBGE Cíntia Simões Agostinho, a maior parte dos idosos é mulher
(55,7%) e está na área urbana (84,1%). “Normalmente eles são considerados a
pessoa de referência no domicílio, 32% não têm nem um ano de estudo, quase 60%
são aposentados, 49% deles tinham rendimento de até um salário mínimo, e 24,5%
estão inseridos em domicílios com renda de até um salário mínimo per capita,
avalia a pesquisadora. Os dados mostram ainda que apenas 4,6% dos idosos estão
no nível mais baixo de renda. “O que indica uma melhor condição de renda, em
média, principalmente se comparada ao grupo dos jovens”, analisa a pesquisadora.
Além disso, tem crescido o número de pessoas com mais de 60 anos que vivem
sozinhas. Dos domicílios onde apenas uma
pessoa vive, 42,3% são ocupados por idosos. Também cresceu o número de mulheres
em idade reprodutiva que não tiveram filhos, o que indica também um perfil de
maternidade mais tardia no país. Na faixa de 25 a 29 anos, o percentual passou
de 31% das mulheres desses grupo para 40,8%. Já na faixa etária de 30 a 34
anos, as mulheres sem filhos representavam 18,3% em 2001. O percentual aumentou
para 25,6% em 2011.
Trabalho: jovens e idosos são
maioria na informalidade
A informalidade é uma
característica da população idosa acima de 60 anos e da população jovem de 16 a
24 anos. A constatação é da pesquisa do IBGE. O estudo indica que 71,7% da população
idosa ocupada com mais de 60 anos está na informalidade e que 46,5% da
população jovem de 16 a 24 anos está na mesma situação. Na avaliação do IBGE, o
fenômeno ocorre, principalmente, porque, no caso dos idosos, por já terem
passado pelo mercado de trabalho, o retorno geralmente constitui uma forma de
se manterem ativos, seja por gozarem de boa saúde, para complementar a renda
ou, ainda, como meio de socialização.
Renda: Brasil atinge menor
desigualdade em 30 anos
Com coeficiente de Gini de
0,508, o Brasil atingiu em 2011 a menor desigualdade de renda em 30 anos - em
1981, o indicador era 0,583 -, segundo dados da Síntese dos Indicadores
Sociais, estudo feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. A
pesquisa do IBGE mostra, porém, que o país continua a ser um dos mais desiguais
do mundo, longe da média da União Europeia, cujo Gini - índice de zero a 1, que
sobe com a disparidade de rendimentos - chegou a 0,305 em 2010 e no ano passado
foi 0,290 na Alemanha, 0,308 na França e 0,244 na Suécia. O trabalho apontou
mais sinais de queda na distância entre ricos e pobres brasileiros, como a
redução na renda dos 20% mais ricos, de 63,7% para 57,7% do total de 2001 a
2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário