Landisvalth Lima
Heliópolis fará nesta quarta-feira, 11 de abril, 27 anos de
existência como município desmembrado de Ribeira do Amparo. Eu participei
ativamente da vida desta cidade. Criei aqui o seu primeiro jornal, um grupo de
teatro, fui o primeiro diretor do Waldir Pires, fiz até cinema e ainda
publiquei dois livros. Casei-me com Ana Dalva, natural daqui do povoado
Farmácia, e aqui nasceram minhas duas filhas. Embora filho de Serrinha e amante
de Aracaju, não posso negar que Heliópolis é, de há muito, um órgão do meu
corpo. Estamos ligados. Entranhados um ao outro por razões subjetivas que transcendem
às mais complexas teorias psicofisiológicas. Por isso me doem muito quaisquer
coisas que façam ao município de ruim.
Já sofri quando um ex-prefeito prometeu uma praia no açude
Pindorama, quando um outro assinava um talão de cheques em branco e o entregava
ao seu chefe ou coronel. Sofri também quando o município pagou tratamento de
pele e suspensão de seios a uma elegante senhora da então alta administração e,
ao mesmo tempo, deixou desamparado por certo um homem que desapareceu até a
data de hoje e o mistério ainda ronda as casas dos familiares envolvidos. Sofri
quando um ex-alcaide falsificou uma lei da Câmara Municipal e os documentos que
comprovavam tudo foram misteriosamente roubados em Cícero Dantas. Sofri também
quando vi funcionários fantasmas recebendo salários polpudos e os repassando
para parentes, aderentes e penitentes ligados ao prefeito de então, numa
construção visível de caixa-dois tupiniquim e descarado. Fiquei angustiado
quando um prefeito mudou de lado só para ter uma licença especial para uso de
arma e quase larguei tudo quando soube que alguns milhares de votos daqui eram
trocados por bois, cargos no governo, cheques pré-datados, quitação de dívidas
e até licores franceses autênticos!
Heliópolis e eu sofremos muito! E o pior ainda estava por
vir. Sim, caro leitor ou leitora, estamos no fundo do poço. Posso hoje dizer
com todas as letras que nunca houve governo mais cruel, mais desumano e mais
nefasto que o do atual prefeito, com licença do nome próprio, Walter Almeida
Rosário! Só quem está tomado pela vespa do poder, ou quem pensa como o alcaide
e sua primeira dama, não vê no que afirmo aqui uma nesga de verdade. E tomei o
cuidado de citar os erros de administrações anteriores para que não digam que
estou aqui fazendo proselitismo político. Não desejo jamais uma volta ao
passado. E olhe que devo até admitir que aconteceu aqui e ali alguma coisa boa.
Foram poucas, mas aconteceram. Vi vida de pessoas serem salvas, vi bons
profissionais da educação evoluírem, vi obras importantes serem realizadas,
enfim, algumas ações que muitos podem dizer que foram eleitoreiras e outros
podem dizer que foram por obrigação da função. Elas, é verdade, não foram
suficientes para cobrir algumas desgraças das administrações anteriores, mas
confirmam que todas estas maldades juntas nos 23 anos anteriores são um
profundo corte na mão diante da facada que o povo de Heliópolis está recebendo
do Waltinho do “Seu” Detinho.
Não. Tenham paciência! Não vou aqui citar os já conhecidos
superfaturamento de festas, nem os leilões de animais, nem compra de casas,
muito menos as reformas luxuosas. Não vou perder tempo em citar os carros
novos, as diárias intermináveis, as obras municipais empenhadas sobre as obras
estaduais, o embargo de obras, a compra aberta de lideranças, a péssima merenda
escolar, os gastos injustificáveis do PETI e do CRAS, a merenda superfaturada
do programa Segundo Tempo, o gasto de algo em torno de 100 mil reais para a construção
do canteiro da rua Régis Pacheco (rua das Pedrinhas), a falta de um plano de
cargos e salários digno ao funcionalismo, as compras estranhas para o setor de
saúde, as perseguições aos funcionários... Ufa! A lista é enorme de denúncias
feitas pela vereadora Ana Dalva. Isto todos nós já sabemos. Um dia, cedo ou tarde,
o prefeito vai responder cada centavo que por ventura for provado que ele
desviou do município.
O que quero aqui usar como base da crueldade do Waltinho de “Seu”
Detinho e seus auxiliares, ou cúmplices, é a situação que vivemos com a
prolongada estiagem. É preciso que o prefeito saiba que água encanada não mata
fome. Walter Rosário precisa saber que o Bolsa Família é um complemento e não a
principal fonte de aquisição de alimentos. Há pessoas passando necessidade e
muitas famílias já se encontram em decadência falimentar. Nenhuma atitude foi
tomada pela administração municipal. Os municípios de Poço Verde e de Fátima,
vizinhos nossos, já estão tomando as devidas providências há mais de três meses.
A economia do município de Heliópolis está indo para as cucuias e centenas de
pessoas já estão migrando para São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Qualquer
loja no comércio está vendendo apenas 25% do que negociava e a caderneta do
fiado está engordando. Foi a pior Pascoa dos últimos quinze anos e o pior dia
das mães está por vir. E só há uma explicação para essa falta de visão do prefeito:
ou detesta pobre ou tem no lugar do seu coração um cofre.
Pior é saber que nem mesmo o Legislativo Municipal se
importa. Se a vereadora Ana Dalva não reclamar, ou não usar a palavra em alguma
sessão, a reunião se encerra em minutos. Parece que não temos problemas. Soube
até de uma reunião que houve com os assessores e secretários. Cheguei até a
pensar que era para alguém alertar sobre a tragédia da seca. Não! Era para
reclamar que nem todas as pessoas que exercem cargos de confiança estavam
presentes na festa da emancipação, que serviu como pano de fundo para inaugurar
os canteiros (chamados de Praças) e entregar as benditas casas populares
conseguidas juntos ao Governo Federal, e que ainda se encontram sem água,
energia elétrica, esgoto e calçamento. É uma necessidade constante de
holofotes! Por isso, festa! Festa para o povo! Para que falar de miséria! O
povo gosta do luxo! E haja fogos para queimarem o dinheiro público e passarem a
mensagem de que está tudo bem! E tomem papocos, rojões, chuvas e brilhos!
Enquanto isso uma criança sorri da desnutrição e um senhor tem a perna amputada
pela ausência de saúde e pela presença da ignorância!
A administração Walter Rosário é a maior desgraça da nossa
história e o mais cruel e desumano governo de todos os nossos 27 mal vividos
anos.
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