terça-feira, 5 de junho de 2012

Ana Dalva quer CPI da obra da Creche


Ana Dalva (PPS)  pede CPI para obra da Creche


A vereadora Ana Dalva (PPS) apresentou nesta segunda-feira (05) no plenário da Câmara Municipal de Heliópolis um requerimento propondo a abertura de uma CEI (CPI), Comissão Especial de Inquérito, para apurar as irregularidades na construção da Creche do Projeto Pró-Infância, paga com recursos do FNDE, e que foi cancelada pela Justiça. No requerimento, Ana Dalva diz que há notícias de bastidores de um processo que corre em sigilo na Procuradoria da República e já falam até em ameaça de morte. “A qualquer momento poderemos ter a Polícia Federal em nossa cidade e a Câmara tem que se informar sobre o que está ocorrendo. Estou pedindo aos colegas que cumpram o papel constitucional desta casa. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto a população fica privada de um bem público por causa de irregularidades praticadas pelos gestores.”, afirma a vereadora.
No mesmo requerimento, Ana Dalva estende a investigação a mais duas obras: o calçamento do povoado Viuveira e a construção de uma quadra de esportes na rua Mangabeira. “Estas obras foram feitas pela mesma empresa, a Construtora Reserv, e eu já denunciei no Ministério Público várias irregularidades. Vamos apurar tudo, se os meus colegas aceitarem. Preciso de três assinaturas e cinco votos na casa.”, disse Ana Dalva. Até agora, só duas assinaturas estão postas, a da requerente, Ana Dalva, e da vereadora Josefa Naudija (Naudinha – PSDB). Com mais uma, o presidente da casa tem que colocar o Requerimento em votação e ele precisa de cinco votos para ser aprovado.
Na sessão desta segunda-feira, o vereador Renilson Alves apresentou requerimento oral pedindo a convocação dos secretários de Administração e do Secretário de Educação para falar sobre o que está ocorrendo. O vereador José Mendonça informou que o que há é uma empresa que perdeu a licitação, entrou na justiça e conseguiu anular todo o processo. A vereadora Ana Dalva rebateu informando que não é só isso. “Não é tão simples assim. Há muito mais coisas e coisas pesadas. Vamos abrir a CPI. Os secretários podem até falar, mas já com CPI. Ninguém vai querer correr o risco de mentir em algo oficial. O ideal é a abertura da CEI imediatamente ou a Câmara será desmoralizada por não apurar a aplicação irregular de mais de 1 milhão de reais.”, concluiu.
Lavando roupa suja
Apesar da seriedade da tentativa de apuração das irregularidades propostas pela vereadora Ana Dalva, a atração da noite na Câmara de Vereadores foi o depoimento do ex-prefeito Zé do Sertão, usando o horário destinado ao público em geral, dez minutos antes do início da sessão. Tudo começou quando o vereador Giomar Evangelista criticou o ex-prefeito por denegrir a imagem dos vereadores num programa de Rádio na Heliópolis FM. Zé do Sertão aproveitou sua fala para rebater o vereador mostrando irregularidades na administração do PCdoB no município. Foi o suficiente para virar um bate-boca infindável. Na tribuna, Giomar Evangelista, Renilson Alves e José Mendonça bombardearam o ex-prefeito com um palavrório que ia do imoral ao velhaco. Não faltaram as quadras esportivas mal construídas, a praia do açude e os prédios escolares que desabaram.
Da plateia, o ex-prefeito, colérico, respondia com acusações de uso do dinheiro público para compra de apartamentos, casas e fazendas. Todos estavam muito nervosos ou tinham consciência de transformação da Câmara num teatro de farsas. "O senhor pode até me prender, mas não me calo!", dizia o ex-prefeito. Até a vereadora Naudinha, que sempre foi reservada, estava gesticulado e gritava palavras de ordem. O presidente da casa perdeu o controle da sessão e as ofensas tomaram o lugar das ideias. Só não esqueceram a CPI porque a vereadora Ana Dalva sempre interrompia para pedir assinatura para o documento. Havia na plateia três públicos distintos: os torcedores do ex-prefeito, os contrários ao ex-prefeito e aqueles que achavam tudo aquilo uma grande palhaçada. A frase mais ouvida era “Isso não levará Heliópolis a lugar nenhum!”. Mas a frase que resumiu a ópera veio de Uilian Andrade, filho do finado Bilão, dando razão aos dois lados: “É o sujo falando do mal lavado!”.
Estratégia do PCdoB 
Nada que acontece em Heliópolis é só pura inocência. Esta polarização entre o ex-prefeito Zé do Sertão e o grupo que está no poder, liderado pelo PCdoB, tem endereço certo: forçar a indicação do ex-prefeito como candidato das oposições. Para os que estão na prefeitura, qualquer outro nome é sinal de derrota certa do governo. Sendo Zé do Sertão, ou saindo dois candidatos do segmento oposicionista, o poder será mantido. Para o PCdoB, a rejeição do ex-prefeito é tão grande que seria impossível reverter o quadro de derrota dos opositores com o seu nome na chapa. Conversas de bastidores informam que há um caminhão de denúncias para apresentar contra o ex-alcaide. Eles também sabem que há um outro caminhão de denuncias contra o PCdoB, mas o poder será o diferencial. Por outro lado, Zé do Sertão se pega nessa alternativa do confronto para tentar diminuir a distância entre a sua candidatura e as de outros nomes da oposição. Consciente da sua decadência política, o ex-prefeito apega-se a uma única boia no oceano de sua angústia: o debate, o tête-à-tête, a denúncia, a discussão, o enfrentamento. A estratégia é boa. Só que ele deveria ter feito isso desde o primeiro dia após ter entregado a prefeitura aos adversários. Desde então, só Ana Dalva enfrentou os poderosos, enquanto Zé do Sertão se isolava no seu mundo egocêntrico.
Reproduzido do Landisvalth Blog.

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