Fábio Bittencourt – do jornal A TARDE
Fernando Sant´Anna era considerado um dos últimos comunistas históricos do Brasil
Fernando Sant´Anna (1915-2012) - foto: Edson Ruiz/A Tarde |
Ex-deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1958, e considerado um dos grandes nomes do comunismo no país - pela sua destacada atuação contra a ditadura militar nos anos 1960, quando já integrava os quadros do extinto Partido Comunista Brasileiro (PCB), o “Partidão”, - o também engenheiro civil de formação, Fernando Sant’Anna morreu, no final da tarde desta quinta (1º) em Salvador, vítima de um infarto fulminante, aos 96 anos.
O corpo do ex-deputado federal foi cremado às 17 horas no Jardim da Saudade. O ex-parlamentar, que estava internado no Hospital Português, era considerado, por seus pares, um dos últimos “comunistas históricos” vivos. Sant’Anna morreu no ano em que a corrente de pensamento (o comunismo) completaria 90 anos (em 25 de março).
“Ele foi contemporâneo de praticamente todas as gerações de comunistas do Brasil, nos últimos 60 anos. Era um exemplo de homem inspirado, mais pelas suas ideias do que por tantas outras virtudes. Firmes em seus ideais, com forte ligação com os interesses nacionais e um vigilante dos anseios do povo, Fernando Sant’Anna era uma figura rara. É, sem dúvida alguma, uma grande perda”, lamentou, na noite desta quinta, por telefone, o deputado federal e presidente regional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Daniel Almeida.
Natural de Irará, nascido em 1915, foi um dos primeiros opositores cassados pelo regime militar. Segundo a senadora Lídice da Mata (PSB), Fernando Sant’Anna era uma referência ética de um tempo que se fazia política com belas ideias.
“Ele era uma legenda da Bahia. Um comunista que representou contra o status quo dominante de uma época. Contestador de todos os chamados “valores” de uma média da sociedade. Um homem amplo, patrimônio do Estado”, disse a senadora.
Em 1988, foi um dos mais combativos constituintes, integrando a Comissão da Ordem Econômica da Constituinte. Desde o início da década de 90, era o presidente de honra do Partido Popular Socialista (PPS).
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